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quarta-feira, 27 de abril de 2011

NEW ROOTS X DANCEHALL ROOTS

Era só uma questão de tempo o New Roots chegar a Jamaica Brasileira, como já havia previsto
em outros textos. E como já tinha dito antes no artigo “O Que é New Roots?” Esse estilo
eletronizado de Reggae que nasceu na Jamaica, mas teve em Londres no final dos anos 80 e
inicio dos anos 90 sua larga produção e evolução.

New Roots é o reggae feito por artistas da Jamaica a partir dos anos 90, muitas vezes
com elementos digitais. Essa musica quase que feita em sua totalidade com sintetizadores
e computadores, conquistou adeptos na Inglaterra e atravessou o Atlântico e chegou ao Caribe
novamente. Hoje, esse estilo influência a musica jamaicana principalmente no Ragga
e no Dancehall.

Uma musica barata e de baixa qualidade musical e muito fácil e rápida de se produzir que se
 podem fabricar centenas em uma semana. Será coincidência que o “bate lata” maranhense seja
assim também?

Mas ainda há esperança. Sob a batuta de Dean Fraser vemos ressurgir a musica de estúdio com
todos os instrumentos tendo a belíssima sonoridade dos metais, baixo, teclados, bateria e
guitarra plasmadas nos discos. Com ele estão Duane Stephenson, Tarrus Riley, Roots
Underground, Luciano, etc. só para citar alguns. Essa reviravolta Roots mereceu até
uma reportagem na revista Beat. É claro que alguns deles já tiveram musicas no estilo
New Roots em suas produções.

Muita gente que trabalha com Reggae em São Luis, por não saber ou por não entender
classifica tudo agora como New Roots. Sucesso recente de Max Romeo – Time 4 jah,
Duane Stephenson - August Town, Tarrus Riley – Superman e até o rasta Dread Mar I,
estão tendo suas produções sendo chamadas de New Roots quando na realidade DEVEM ser
classificadas como Dancehall Roots e no caso de Dread Mar I é um absurdo chamá-lo de
cantor de New Roots .

Surgiu na Jamaica, nesse período citada no inicio deste artigo, muita gente usando em
suas canções pesadas gírias, tratando as mulheres de modo desrespeitoso, machismo, tráfico,
 gangues e incitação a homofobia. Cada um quer ser o rei do Dancehall e do Ragga.
Nas letras desse gênero, cada um dizia que era mais bandido que o outro, reis das armas,
aquele que matava mais ou que era o mais “papão”. Quem grita mais leva mais.

O governo jamaicano deflagrou uma campanha ferrenha contra esse tipo de musica e proibiu
sua radiodifusão.

Em meados dos anos 90 surgiu uma nova denominação com a “conversão” desses artistas,
 o New Roots ou Nu-Reggae. New Roots é como se fosse a “Nova Escola” do Reggae, artistas
que conseguiram recriar um movimento de reggae consciente falando basicamente o que
aqueles que vieram primeiro diziam, assim como Burning Spear falava com sabedoria e
produzia divinamente músicas com instrumentais e conceitos inovadores no Reggae Roots nos
anos 70, artistas que ganharam notoriedade pelas suas produções mais atuais como Capleton
 e Sizzla que lançam discos mensalmente e chegam a gravar 2, 3 discos em um semestre,
conseguiram alavancar mais ainda a venda e a comercialização do reggae, chegando a um público
cada vez maior.

O New Roots não difere muito do Sleng Teng de King Jammy, basicamente nos discos o que se
ouve é uma mescla de riddims já famosos, de artistas da vanguarda dos aos 70, refeitos e
remixados, alguns de péssimo gosto, por produtores, facilmente nota-se que a matemática da
 música é a mesma, muda-se os timbres de cada instrumento dando uma aparência de “novo”
a música. Novos “nomes” surgem a cada dia e a produção de discos é absurdamente grande tanto
na Jamaica quanto na Europa.

Artista que há cinco anos jamais teriam uma notoriedade maior, hoje tem seu próprio site,
alguns lançam seu próprio selo, gravam constantemente e não se filiam a uma gravadora maior,
 fácil notar a semelhança nos instrumentais de artistas do gabarito de Anthony B, Lutan Faya,
 Turbulence, Jah Mason, esses fazem parte de uma nova geração do Reggae Roots. Esses artistas
surgiram com a proposta de dar uma nova aparência ao reggae, que até então, ainda é tido por
alguns que tem uma visão arcaica aqui no Brasil, sem grande notoriedade, e trata o Reggae como
uma música sem grandes mudanças nos últimos tempos.

E posso dizer, por minhas viagens recentes, como essa musica machista, homofóbica, sexualista
 e incitadoras da violência, vão sendo descartadas rapidamente. Nas lojas em Paris e Londres,
há centenas e centenas desses discos sendo oferecidos a 50 centavos de Euro e alguns poucos a
 1,00 euro ou 1,50 euro. Vendas encalhadas e prejuízo certo, essa é a queixa dos donos de loja.

O termo New Roots é muito mais abrangente, não é apenas formador de novos artistas, que na
 maioria não são tão novos assim, são também produtores envolvidos, que há muito tempo se
utilizam de ferramentas novas e experimentalismo para o seu trabalho. Novos nomes surgem
num movimento que se funde com novos ritmos e novas experimentações nos estúdios. Para o
reggae não há limite na experimentação, tudo é válido, e o que mais vale é a atitude e o
comprometimento do músico com a qualidade de seu trabalho.

Cuidado então ao tentar classificar as musicas de alguns cantores onde toda a sonoridade
dos instrumentos estão presentes, como ‘Superman’ de Tarrus Riley, e você equivocadamente
dizer que é New Roots.



Tarcisio Ferreira aka Selektah